Salários subiram 9% nos últimos cinco anos

A remuneração média mensal, incluindo subsídios, chegou ao final do ano passado nos 1276 euros.

Os ganhos do trabalho em Portugal escalaram 9% ao longo dos últimos cinco anos, com a remuneração média mensal bruta, incluindo subsídios de férias e Natal e outros complementos, a tocar os 1276 euros em 2019. Quase um terço da subida foi feito no último ano.

Os dados finais do ano do INE sobre as remunerações declaradas por empregadores à Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações foram conhecidos ontem. Apontam uma aceleração na valorização das remunerações desde o termo da última crise, em 2014. Começou tímida nos 0,5% ainda nesse ano, e atingiu a velocidade de 2,7% já em 2019.

Já nos vencimentos base o impulso foi de 7% ao longo dos mesmos cinco anos. O salário regular médio bruto chegou aos 1038 euros, com remate com a força de 2,6% já no último ano.

Ainda assim, a evolução trimestral ao longo do último ano indica que os salários não chegaram ao final de 2019 com a mesma força que levavam a meio do ano. O INE anota uma “desaceleração ligeira” no quatro trimestre – período que coincidiu também com uma deterioração nos níveis de desemprego e criação de emprego. Os ganhos globais do trabalho cresceram apenas 2,4%, depois de terem estado a subir 3,1% no trimestre anterior.

PME sobem mais

As diferenças ainda existem, mas são cada vez menores. O prémio salarial de trabalhar numa grande empresa em Portugal está a cair desde 2014 e são as pequenas e média empresas que levam o maior impulso de remunerações desde a crise.

Nos últimos cinco anos, a remuneração total média nas PME regista um crescimento de 10,5%, contra uma melhoria de apenas 6,8% nas empresas com 250 trabalhadores ou mais. Nas PME, o ganho bruto mensal chegou aos 1116 euros em 2019. Já nas grandes empresas este toca agora os 1565 euros.

Estes dois valores estão hoje mais próximos do que há cinco anos. Em 2014, as grandes empresas ainda pagavam mais 25% que a média da economia. No último ano, este diferencial caiu para 23%. No mesmo período, as PME, que pagavam 14% abaixo da média, diminuíram o diferencial para 12,5%.

Ainda assim, os salários permanecem bem mais elevados para os cerca de 1,5 milhões de trabalhadores em grandes empresas. Representam 35% da mão-de-obra nacional, e levam para casa à volta de 45% do valor pago em salários no país, indicam os dados do INE.

Mas nem todos os sectores são iguais. Para os trabalhadores das artes e desporto – onde entram, por exemplo, jogadores de futebol – os salários nas grandes empresas ou organizações ficaram mais de 50% acima da média nacional em 2019, tal como na construção. Já um trabalhador do grande retalho ganhou 2% abaixo da média. Jardineiros, seguranças, trabalhadores de limpeza ou de call-centers ao serviço de grandes grupos tiveram ainda maior desvantagem, numa perda de 9% em relação à média dos trabalhadores.

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