Governo reconhece problema de pagamentos em atraso na Saúde

No final de 2017, os pagamentos em atraso na saúde foram de 844 milhões de euros, mais 294 milhões que no ano anterior.

O ministro das Finanças reconheceu, esta quarta-feira, que existe um problema com os pagamentos aos fornecedores na saúde, mas afirmou que o Governo está a combatê-lo, havendo cerca de 1.400 milhões de euros em 2018 para esse fim.

“Os pagamentos em atraso são um problema que o Governo reconhece e está a atacar”, afirmou Centeno, na comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, em Lisboa.

Mário Centeno admitiu que os pagamentos em atraso no setor da Saúde são um problema

O governante afirmou que, para este ano, estão já previstos 1.400 milhões de euros para saldar dívida e pagamentos em atraso na Saúde, sendo que 500 milhões de euros são referentes à capitalização dos Hospitais EPE (Empresa Pública Empresarial) feita já em 2017 e que será usada em 2018.

Os pagamentos em atraso na saúde ficaram nos 844 milhões de euros no final de 2017, o que compara com 550 milhões de euros em 2016 (mais 294 milhões de euros), segundo a síntese de execução orçamental de dezembro divulgada na última semana pela Direção-Geral de Orçamento (DGO).

O governante justificou o facto de os pagamentos em atraso terem aumentado com mais investimentos na saúde, dizendo que estas despesas são reflexo da “melhoria do Serviço Nacional de Ambulatório”, com mais tratamentos e cirurgias, em 2016 e 2017.

Centeno disse ainda que, com o atual Governo, tem aumentado o número de funcionários nos hospitais e outros equipamentos do Serviço Nacional de Saúde.

Já na última semana as Finanças afirmaram que, em 2017, as “despesas com pessoal na saúde cresceram 5,4% [em termos homólogos], representando metade do crescimento das despesas com pessoal na Administração Central], o que justificaram com o “reforço do número de efetivos” no SNS.

“Face ao final de 2015, há hoje mais 1.830 médicos (mais 7,3%) e mais 2.720 enfermeiros (mais 7,1%)”, lia-se no comunicado.

Ainda sobre os pagamentos em atraso, Centeno afirmou que o Governo quer alterar o modo como o Estado lida com a dívida na saúde e que estão já a ser preparadas alterações. “Estamos a preparar uma análise estrutural da forma como esta despesa é constituída no Serviço Nacional de saúde e uma nova forma de gerir este volume de endividamento”, disse apenas.

O tema da saúde e dos pagamentos em atraso aos fornecedores de bens e serviços foi abrangente às intervenções dos deputados de todos os partidos, tendo recebido mais críticas por parte do PSD e CDS-PP.

A deputada Inês Domingos, do PSD, considerou mesmo que “os pagamentos em atraso são uma forma de austeridade encapotada”.

 

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